opinião

A GREVE CIRÚRGICA NA SUA VERDADEIRA ESSÊNCIA E AS BARBARIDADES EM TORNO DELA

Como é sobejamente conhecido, os ENFERMEIROS PORTUGUESES dos Blocos Operatórios de 5 centros hospitalares e universitários estão a fazer greve – GREVE CIRÚRGICA – às cirurgias programadas, estando assegurados os serviços mínimos, urgências e cirurgias oncológicas.

Esta GREVE CIRÚRGICA é a consequência de Ministério da Saúde e Ministério das Finanças estarem há muitos anos surdos e moucos às reivindicações dos ENFERMEIROS PORTUGUESES. Toda esta postura irresponsável esgotou e o limite chegou.

Apesar dos alertas da Ordem dos Enfermeiros e de alguns Sindicatos para as consequências desta GREVE CIRÚRGICA, a Srª. Minsitra da Saúde, Profª. Doutora Marta Temido e o Governo continuaram com a mesma diminuição da acuidade auditiva. As consequências estão aí, milhares de cirurgias não realizadas e, por isso, adiadas.

Com o decorrer das semanas e este avolumar de cirurgias adiadas, o Ministério da Saúde e os Administradores Hospitalares começam a perceber que os ENFERMEIROS PORTUGUESES estão firmes neste propósito, contrariamente ao que julgavam que esta classe profissional fosse capaz de fazer. Perceberam também, que os seus bónus pelos indicadores, taxas de ocupação e altas precoces, para render prêmios de produção, tipo fábrica, não lhes ia cair na conta bancária. E então os disparates e as barbaridades começaram a suceder-se. Vejamos:

  • A Srª. Ministra da Saúde, Profª. Doutora Marta Temido, confrontada com a GREVE CIRÚRGICA, começou por apelidá-la de “muito agressiva”, depois que tinha pedido um parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria da República. Como este parecer não era favorável ao Ministério, disse que o estava a estudar, mas que os ENFERMEIROS não podiam fazer greve “self-service”.

Por fim, em declarações à comunicação social, alguma dela completamente manipulada, diz que afinal a GREVE CIRÚRGICA só tem uma adesão de 6 a 7 %. Mas no entanto, reúne em gabinete de crise, com os 5 Presidentes dos CA dos 5 centros hospitalares afectados pela Greve.

Quanto aos direitos da GREVE, a Srª. Ministra tem que reler a Lei da Greve e perceber que direitos Constitucionais estão em causa.

E vejam, numa atitude ainda mais revanchista e provocadora desta governante, reúne com os Sindicatos que precisamente, não convocaram esta GREVE CIRÚRGICA. Portanto a Srª. Ministra da Saúde não quer paz, nem acordo com os ENFERMEIROS PORTUGUESES. Será que deseja acordo com os privados em desfavor do SNS?

  • Tem sido reiterado a Associação de Administradores Hospitalares, pela voz do seu Presidente, Dr. Alexandre Lourenço, estar frequentemente a agredir os ENFERMEIROS PORTUGUESES, e a verbalizar alarvidades. E aqui é nosso entendimento que estas manifestações, não têm como preocupação o SNS, nem os doentes, mas sim a estatística, os indicadores, taxas e números, particularmente os tais bónus de produção.

E a última alarvidade é a de que os Médicos pudessem operar sozinhos! Nem merece comentários!

Este é o quilate do Presidente da Associação desta classe. Todos os Administradores se reveem nesta afirmação? Acham que estão bem representados com as barbaridades que o Presidente da Vossa Associação tem proferido? Mas afinal o que administram? O que sabem sobre o funcionamento dos serviços? Que vergonha! Estão vendidos ao Governo? Que imagem dão à Sociedade, das vossas responsabilidades e Instituição que representam!

  • Também o Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. Miguel Guimarães, de forma cínica e a aproveitar-se da boleia, a ver se cola, diz que em “tese” podem operar sozinhos!!!! Bom aqui fazer um pouco de história: Quando os Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, em 2017, fizeram greve nos blocos de partos, também proferiu palavras do gênero, que os Médicos estavam para resolver o problema e substituir os Enfermeiros. Mas foi o que se viu…. Logo, logo a seguir, pediu alto e bom som, que o Ministério da Saúde chegasse a acordo com os ENFERMEIROS, porque os serviços estavam em rotura. Era impossível assegurar os serviços. E também se esqueceu: a usurpação de funções.

Agora cabe lembrar o Sr. Bastonário Dr. Miguel Guimarães que a cirurgia não encerra só, em si, o acto cirúrgico. Há muito mais que isso antes e depois. O Sr. Bastonário, Dr. Miguel Guimarães, enquanto urologista e que passou muitas e muitas horas nos blocos operatórios, permitir-se a ele e à classe que representa, afirmar estas barbaridades? Não aprendeu nada e não conseguiu ver mais nada, nas muitas horas de cirurgia de bloco operatório, para além do sistema renal e urinário? Para além das sedas e dos agrafes? Para além dos afastadores e dos bisturis? Das algálias e drenos? Dizer que podem operar sozinhos? Onde? Nos jogos e oficinas de bonecas?

Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. Miguel Guimarães, a Classe Profissional, de prestígio que representa, merece muito mais respeito. Depois, pelos parceiros que tem, que são os ENFERMEIROS, nesses mesmos actos cirúrgicos, também merecem respeito e reconhecimento pela dignidade que colocam ao serviço da Equipa para que a cirurgia tenha sucesso, como todos concerteza desejamos, em benefício do Doente e da Sociedade.

  • À Comunicação Social, importantíssima em qualquer estado de direito e democrático, dizer que efectuem o contraditório quando veiculam as notícias que publicitam. Reflictam, que a GREVE CIRÚRGICA é protagonizada pelos ENFERMEIROS PORTUGUESES e não por outras classes. Sejam verdadeiros no que afirmam. Não deturpem princípios, evidências e realidades.
  • A outros actores e Presidentes dos Conselhos de Administração dos Hospitais pede-se o mínimo de decoro e de verdade. Sejam leais aos princípios éticos. Não desvirtuem nem pervertam a verdade, porque os ENFERMEIROS sabem o que se passa.

Reparem, o poder político está perdido com esta GREVE CIRÚRGICA. Até o anterior Ministro da Saúde demitido, Prof. Doutor Adalberto Campos Fernandes, falando em horário nobre na televisão, disse que as reivindicações dos ENFERMEIROS são justas! Não sei o que andou a fazer quando esteve como Ministro. Mas agora está numa de vingança contra o partido e Governo que o demitiu?

Percebemos todos que esta GREVE CIRÚRGICA, como nunca se tinha feito em Portugal, apanhou todos de surpresa, sem saber como geri-la e como fazer e que a Srª. Ministra da Saúde, Profª. Doutora Marta Temido está apavorada com a dimensão de tal GREVE. Não adianta dizer que em Janeiro se vão calendarizar as mais de cinco mil cirurgias já adiadas. Todos nós sabemos que o poder político, mente, desinvestiu e deixou de tal forma o SNS, que não é possível, num curto espaço de tempo, repor este atraso. Até porque Srª. Ministra da Saúde, como bem sabe, já muito antes da GREVE CIRÚRGICA, havia listas de espera enormes. E a culpa não era e não podia ser assacada aos ENFERMEIROS PORTUGUESES. A resposta e a chave para resolver o mais rapidamente possível e não avolumar ainda mais esta lista de espera, está nas suas mãos e na sua secretária. Com o acordo imediato com os ENFERMEIROS PORTUGUESES através dos Sindicatos que convocaram esta GREVE CIRÚRGICA – ASPE E SINDEPOR – e que estão firmes ao lado dos ENFERMEIROS.

Hoje temos também uma mais-valia, que é a Ordem dos Enfermeiros, que através da sua Bastonária, Enfª. Ana Rita Cavaco, efectivamente representa os ENFERMEIROS PORTUGUESES.

“Quem caminha com firmeza e convicção deixa pegada por onde passa” Nilson Soares

JUNTOS SOMOS MAIS FORTES! Assim o queiramos e saibamos sê-lo.

Humberto Domingues
Enf. Espec. Saúde Comunitária
2018.12.09 – 14h00

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Humberto Domingues

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