Greves: Matilde percorreu dezenas de quilómetros para ter duas consultas adiadas em dois dias
Já sabia da greve, até tentou ligar na terça-feira para confirmar se havia consulta ou não, mas, mesmo assim, disse que teve de fazer a deslocação. Para o acompanhar, a filha pediu dispensa do trabalho.
“É tempo perdido, despesas e muitos transtornos”, lamentou.
Luísa Rodrigues veio de Pedras Salgada, em Vila Pouca de Aguiar, para uma consulta de oftalmologia.
“Estou há muito tempo à espera. Já tive consulta marcada para abril e alteraram para hoje e hoje chego aqui e dizem-me que o médico fez greve. É complicado, não sabia da greve e se nos têm avisado escusávamos de fazer esta viagem”, contou à Lusa.
Armanda Pinheiro, grávida de três meses, ia hoje fazer a ecografia do primeiro trimestre. Por causa da greve o exame foi adiado deixando-a “desiludida” e com uma “ansiedade difícil de gerir”.
O cancelamento de consultas foi precisamente o efeito mais visível da greve dos médicos no hospital de Vila Real, embora muitas outras consultas tenham também decorrido com normalidade.
Ao início da manhã, o cenário no CHTMAD era igual ao de outros dias: parque de estacionamento cheio e salas de espera também com muitos utentes, sentados ou em pé.
Por causa das notícias sobre a greve, Alcino Rodrigues, residente na Galafura, Peso da Régua, veio antes da hora prevista e teve boas notícias.
“Já me disseram que sim, que vou ter a consulta de rotina de ortopedia que está programada desde abril”, referiu.
Luís Matos até foi surpreendido pela rapidez com que se despachou das análises e do eletrocardiograma que tinha agendado para hoje.
“Cheguei e fui logo atendido. Os técnicos não estão a fazer greve, mas muitos atentes devem ter pensado que sim e não vieram”, frisou.
Os dois sindicatos médicos convocaram uma greve nacional para terça-feira e hoje, sendo o primeiro dia agendado pelo SIM e o segundo marcado pela Federação Nacional dos Médicos.
Tanto médicos como enfermeiros argumentam que lutam pela dignidade da profissão e por um melhor Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Os médicos querem que todos os portugueses tenham médico de família, lutam pela redução das listas de utentes dos médicos e por mais tempo de consultas, querem a diminuição do serviço em urgência das 18 para as 12 horas, entre várias outras reivindicações, que passam também por reclamar que possam optar pela dedicação exclusiva ao serviço público.
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