Sintomas vulvovaginais comuns durante o tratamento com penicilina, revela pesquisa

Com muita frequência, as mulheres que tomam penicilina para infecções na garganta sofrem de sintomas vulvovaginais e, em ambos os sexos, a diarreia também é comum. Em um curso relativamente curto de penicilina, menos pessoas apresentam esses efeitos colaterais e não há redução no resultado pretendido, mostra uma tese da Universidade de Gotemburgo.

A penicilina V, fenoximetilpenicilina, é o antibiótico mais vendido da Suécia, sob marcas como Kåvepenin e Tikacillin. O diagnóstico mais comum para o tratamento com penicilina é a faringite estreptocócica causada pela bactéria estreptococo do grupo A.

A recomendação atual de tratamento para faringite estreptocócica é um tratamento de dez dias com penicilina V. Os sintomas de faringite estreptocócica geralmente remitem espontaneamente dentro de uma semana e o objetivo do tratamento é aliviar os sintomas do paciente.

A presente tese demonstra que o efeito clínico de cinco dias de penicilina V em adultos não é inferior ao do tratamento recomendado de dez dias. Também mostra que dez dias de tratamento com penicilina V resulta em uma proporção maior de pacientes com efeitos colaterais do que o curso mais curto.

Importante para pacientes individuais

Um em cada três pacientes tratados com penicilina por dez dias, em comparação com um em cada quatro tratados por cinco dias, desenvolveu diarreia. O banco de dados compreendeu um total de 422 pacientes em 17 centros de saúde comunitários suecos em quatro regiões: Kronoberg, Skåne, Sörmland e Västra Götaland.

No grupo de mulheres que receberam tratamento por dez dias, uma em cada quatro (25 por cento) relatou desconforto genital (vulvovaginal), principalmente na forma de aumento da secreção e coceira. No grupo de mulheres tratadas por cinco dias, a proporção correspondente foi de 15%.

A autora da tese é Karin Rystedt, Ph.D. em medicina comunitária e saúde pública na Sahlgrenska Academy, Universidade de Gotemburgo, e especialista em clínica geral no centro de saúde Närhälsan Hentorp em Skövde.

“A alta incidência de efeitos colaterais era desconhecida antes, mas esse conhecimento é importante para os pacientes que têm a opção de aceitar ou rejeitar o tratamento. Eles podem então pesar os prós e os contras de tomar penicilina e seus efeitos colaterais, contra abster-se e recuperar-se de faringite estreptocócica cerca de um dia depois. Isso se aplica, principalmente, a mulheres com experiência anterior de candidíase vulvovaginal.”

Aumento de bactérias intestinais resistentes

Os efeitos ecológicos da penicilina V nas bactérias intestinais dos pacientes também foram investigados. Isso foi feito comparando culturas de fezes antes e depois do tratamento. Verificou-se que a penicilina V provoca um aumento significativo nas bactérias intestinais com resistência aos antibióticos β-lactâmicos (beta-lactâmicos), que incluem a penicilina V.

“Pode parecer estranho que isso seja algo novo: afinal, estamos usando penicilina há quase 80 anos. Mas as descobertas indicam que a penicilina V deve ser usada com cautela e somente quando o benefício para o paciente supera os riscos, ” diz Rystedt.

No subestudo comparando diferentes durações dos cursos de penicilina, 1.000 miligramas foram administrados três vezes ao dia por dez dias ou 800 mg foram administrados quatro vezes ao dia por cinco dias. A última variante não é um padrão nacional, mas já está sendo aplicada em alguns locais da Suécia.