Hormônio secretado pelo feto causa enjôo matinal: estudo

Um hormônio produzido pelo feto humano é o responsável pelos enjôos matinais em mulheres grávidas, descobriu um estudo, abrindo caminho para uma possível prevenção e tratamento.

Náuseas e vômitos afetam aproximadamente 70% das mulheres grávidas, de acordo com o estudo publicado em Natureza na quarta-feira por pesquisadores do Reino Unido, Estados Unidos e Sri Lanka.

Na sua pior forma, a hiperêmese gravídica, as náuseas e os vômitos são tão graves que as mulheres não conseguem comer ou beber normalmente.

“O culpado é um hormônio produzido pelo feto – uma proteína conhecida como GDF15”, disse a Universidade de Cambridge.

“Mas o quão doente a mãe se sente depende de uma combinação de quanto do hormônio é produzido pelo feto e da quantidade de exposição que a mãe teve a esse hormônio antes de engravidar”.

Para chegar a este resultado, a equipe examinou dados de mulheres recrutadas para vários estudos.

Eles usaram uma combinação de abordagens, incluindo genética humana, novas formas de medir hormônios no sangue de mulheres grávidas e estudos em células e ratos.

A descoberta “aponta para uma forma potencial de prevenir o enjoo da gravidez, expondo as mães ao GDF15 antes da gravidez para aumentar a sua resiliência””, disse a Universidade de Cambridge.

Caminho para o tratamento

O professor Sir Stephen O’Rahilly, um dos coautores da universidade, disse que também são boas notícias para o tratamento.

“Isso… nos deixa mais confiantes de que impedir que o GDF15 acesse seu receptor altamente específico no cérebro da mãe acabará por formar a base para uma forma eficaz e segura de tratar esse distúrbio”, disse ele.

A autora principal, Dra. Marlena Fejzo, da Universidade do Sul da Califórnia, disse que a pesquisa era pessoal.

“Quando eu estava grávida, fiquei tão doente que mal conseguia me mover sem ficar doente. Quando tentei descobrir o porquê, percebi quão pouco se sabia sobre minha condição, apesar das náuseas durante a gravidez serem muito comuns”, disse ela.

Foi sua equipe que inicialmente identificou a associação genética entre GDF15 e hiperêmese gravídica.

“Esperamos que agora que entendemos a causa da hiperêmese gravídica estejamos um passo mais perto de desenvolver tratamentos eficazes”, disse ela.

A princesa de Gales, esposa do herdeiro britânico do trono, príncipe William, sofreu de hiperêmese gravídica durante as três gestações.

© 2023AFP