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Marcadores Tumorais… Breves Noções

Marcadores tumorais são substâncias produzidas por células cancerosas ou por células normais do corpo, que podem ser encontrados em níveis muito elevados em casos de câncer, ajudando assim na detecção e no tratamento desta doença.

Os marcadores tumorais são medidos em exames laboratoriais (análises), feitas ao sangue ou a outro fluido corporal (urina, liquor, etc). Mais recentemente, marcadores genéticos (mutações e translocações) passaram a ser utilizados como marcadores tumorais. Estes últimos são são avaliados diretamente do tecido tumoral.

Existem muitos marcadores tumorais diferentes, cada um deles pode ser indicativo de um tipo de cancro ou um mesmo marcador pode ser utilizado na pesquisa clínica de diferentes tumores. Embora um nível elevado de marcador tumoral possa indicar um câncer, outras causas não-malignas também podem causar a elevação destas substâncias.

 

Usualmente os marcadores tumorais podem ser combinados com outros tipos de exames, tais como biópsias ou exames de imagem (ex: Pet-scan). Na prática clínica, os marcadores tumorais são utilizados para fazer:

•    Triagem em casos específicos, como em grupos de alto risco, associado a exames complementares;

•    Diagnóstico diferencial;

•    Avaliação de prognóstico da doença;

Monitoração do tratamento oncológico (avaliação da resposta terapêutica e detecção precoce de recidivas).

Avanços recentes em genética molecular vieram permitir um melhor conhecimento da génese do cancro. Sendo a proliferação das células normais um processo altamente regulado por diferentes tipos de genes, na base da carcinogénese poderá estar a formação de oncogenes por activação dos chamados protooncogenes, a inactivação dosgenes supressores de tumor, ou a coincidência destes dois mecanismos.

Em termos simples, pode dizer-se que no cancro se verifica um «crescimento relativamente autónomo de tecido». Esse crescimento é determinado por acção dum carcinogénio, que pode ter natureza física (ex. radiação), química (ex. um hidrocarbonado policíclico) ou biológica (ex. um vírus).

A célula tumoral obedece a um ciclo celular que embora desregulado é composto, como nas células normais, por 4 fases dependentes da quantidade de ADN presente e das mitoses: 1) G0G1 – fase de quiescência com 2 n cromossomas; 2) S – fase de síntese de ADN; 3) G2 – fase breve de quiescência com 4 n cromossomas; e 4) M – mitose. De acordo com estas 4 fases, a rapidez maior ou menor da evolução dum tumor dependerá da percentagem de células quiescentes (G0G1) relativamente ao número total de células tumorais, da percentagem de células na fase de síntese de ADN e da duração de cada fase do ciclo, especialmente da G0G1.

Do ponto de vista histológico, os tecidos cancerosos apresentam mais semelhanças com o tecido fetal do que com o tecido adulto e podem ser classificados como 1) bem diferenciados, 2) pouco diferenciados ou 3) anaplásticos, sem forma definida.

Definição de Marcador Tumoral

Um marcador tumoral (MT) é uma substância usada como indicador de malignidade, que pode estar presente nas células tumorais, ou ser libertada pelo tumor ou ainda ser produzida pelo organismo hospedeiro em resposta à presença do tumor.

Do ponto de vista bioquímico, os MT são geralmente proteínas ligadas a hidratos de carbono ou a lípidos, que podem comportar-se como antigénios celulares (ex. CA 125), hormonas (ex. calcitonina), enzimas (ex. NSE) ou proteínas séricas (ex. imunoglobulinas monoclonais).
Consoante o marcador, o seu doseamento pode ser levado a cabo nas células, no sangue ou em secreções.

… Um pouco de História

O primeiro marcador tumoral referido foi a proteína de Bence-Jones, descoberta em 1847 e identificada mais de 100 anos depois como a cadeia leve monoclonal da imunoglobulina segregada pelos plasmócitos do mieloma múltiplo. Já neste século, entre fins dos anos 20 e os anos 60 descobriram-se hormonas, enzimas, isoenzinas e outras proteínas, das quais algumas se utilizaram no diagnóstico do cancro.

Na década de 60, iniciou-se a análise de cromossomas nos tecidos tumorais e surgiram os primeiros marcadores onco-fetais, como a a-fetoproteína (AFP) em 1963 e o antigénio carcino-embrionário (CEA) em 1965.

Na década de 70, surgem os anticorpos monoclonais que a breve trecho foram aplicados à detecção de antigénios onco-fetais e de antigénios de linhas celulares próprias dos tumores como, entre outros, os CA 125, CA 15-3 e CA 549, que serão referidos adiante.

Mais recentemente, os avanços da genética molecular, incluindo o uso de sondas e de anticorpos monoclonais para detectar alterações cromossómicas, estão a permitir estudar os marcadores tumorais a nível molecular, incluso a nível dos oncogenes e dos genes supressores.

Uso dos marcadores tumorais em alguns tumores sólidos

A circunstância dos MT possuirem duma maneira geral baixa especificidade e baixa sensibilidade, limita a sua aplicação em clínica. Na prática, só excepcionalmente são utilizados no diagnóstico de tumores localizados e na localização do tumor primitivo nos casos _marcadores_tumorais_thumbde adenocarcinormas metastizados. Também raramente permitem estabelecer um prognóstico. Exceptuam-se para este fim alguns marcadores estrictamente celulares, como é o caso dos receptores do estradiol e da progesterona no cancro da mama.

Os MT já são, porém, largamente utilizados em clínica para avaliar a evolução do tumor antes e sobretudo após a instituição da terapêutica médica ou cirúrgica. De facto, se a determinação isolada de um marcador só raramente tem interesse, as análises seriadas no tempo permitem confirmar uma remissão, detectar o aparecimento de metástases ou de recidivas e avaliar a eficácia ou não eficácia da terapêutica instituída.

Indicam-se a seguir quais os MT plasmáticos mais frequentemente utilizados no estudo de alguns tumores sólidos. Estes serão apresentados pela ordem decrescente da sua incidência na população geral.

Carcinoma Brônquico

O marcador CYFRA 21-1 permite separar doenças benignas de doenças malignas do pulmão com uma especificidade de 95%. É também o marcador de eleição para o carcinoma brônquico de células não pequenas. Já no caso do carcinoma de células pequenas, a enólase específica dos neurónios (NSE) apresenta maior sensibilidade.
Outros marcadores, como o CEA, o TPA e o TPS revelaram-se menos sensíveis no caso do carcinoma brônquico.

Cancro da mama

O marcador de eleição é o CA 15-3, seguido pelo CEA. O uso combinado destes dois marcadores aumenta a sensibilidade quer para o diagnóstico primário, quer para a detecção precoce de metástases.
A monitorização da evolução da doença e da resposta terapêutica pode também fazer-se com o CA 15-3 e o CEA ou só com um deles, se individualmente apresentarem valores elevados.

Carcinoma colo-rectal

O CEA é o marcador mais utilizado neste carcinoma, pois o seu nível sérico apresenta boa correlação com o desenvolvimento tumoral e com o aparecimento de metástases ósseas, hepáticas ou pulmonares.
Costuma normalizar algumas semanas após medidas terapêuticas eficazes, sendo o seu aumento posterior sugestivo de recorrência ou de metastização.

Carcinoma gástrico

O marcador mais útil para acompanhar a evolução e a resposta terapêutica no carcinoma gástrico é o CA 72-4. O CEA ou o CA 19-9 apresentam neste caso menor especificidade e sensibilidade.
Com o conjunto destes três marcadores ou até só com o CA 72-4 mais o CEA atinge-se uma sensibilidade por vezes superior a 70%.

Carcinoma prostático

Para diagnóstico, acompanhamento da evolução clínica e avaliação da resposta terapêutica no carcinoma da próstata, o PSA é o marcador de eleição. Apresenta uma especificidade de 90% e uma sensibilidade de 68%.
Apesar de ser um dos poucos marcadores específicos de órgão, não indica só situações de malignidade, uma vez que pode encontrar-se elevado na hipertrofia benigna da próstata, na prostatite ou após algumas manobras diagnósticas como o toque rectal, a cistoscopia e a coloscopia. Como também se encontra nas glândulas parauretrais, é frequente existirem níveis baixos de PSA nas mulheres.

Carcinoma do ovário

Para monitorizar a evolução e a resposta terapêutica ou para detectar remissões ou recidivas no caso de carcinoma do ovário o melhor marcador é o CA 125, que no carcinoma seroso pode atingir uma sensibilidade de 92%. Apesar de praticamente não dar resultados positivos falsos é grande a probabilidade de fornecer resultados negativos falsos.
Valores elevados de CA 125 podem encontrar-se noutros tipos de cancro, em algumas doenças benignas, em processos inflamatórios e na gravidez.
A combinação do CA 125 com dois marcadores recentemente descritos – OVX1 e M-CSF – aumenta para mais de 98% a probabilidade de se obterem resultados anormais em doentes com carcinoma do ovário no estádio 1.

Carcinoma do pâncreas

O MT de eleição neste caso é o CA 19-9, embora não exista correlação entre os seus níveis sanguíneos e a massa tumoral.
Valores «normais» de CA 19-9 não excluem a possibilidade de carcinoma prancreático. Por sua vez, valores elevados deste marcador podem também ser encontrados noutras doenças malignas, em algumas doenças benignas e até em casos de simples colostase.

Carcinoma hepatocelular

Para acompanhar a evolução e a resposta à terapêutica do carcinoma hepatocelular primário o MT indicado é a alpha-fetoproteína (AFP).
Numa pequena percentagem de casos, o seu nível sanguíneo também está aumentado em doentes com metástases hepáticas doutros carcinomas, como por exemplo da mama, do colon, ou do pulmão. Nestes casos, o doseamento concomitante da AFP e dos marcadores específicos desses órgãos permite uma boa diferenciação entre carcinoma primário e presença de metástases hepáticas. Embora as hepatites e outras doenças benignas do fígado possam ser acompanhadas de aumentos ligeiros da AFP, esta continua a ser o melhor marcador para a detecção precoce de carcinoma hepatocelular em doentes com cirrosse hepática.

Outros carcinomas

O SCC (antigénio do carcioma de células escamosas) é o marcador de eleição no carcinoma do colo do útero, nomeadamente na sua forma escamosa.
O CA 125 é o MT mais utilizado no carcinoma do ovário.
O CYFRA 21-1 é também utilizado nos carcinomas da bexiga, nomeadamente nas formas músculo–invasivas.

Fonte: Labmedoncoguia

 

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