Paragem cardiorrespiratória curta: não esquecer o cérebro

Um novo estudo apurou que os sobreviventes de uma paragem cardiorrespiratória de curta duração que aparentam ter o sistema neurológico intacto devem ser avaliados neurológica e psicologicamente antes de receberem alta hospitalar.

Conduzido por uma equipa de investigadores do Instituto de Investigação Rotman da organização Baybrest, Canadá, e do Centro Médico Rambam, Israel, este estudo revelou que os pacientes que recebem alta em aparentes boas condições neurológicas apresentavam problemas de memória significativos.

Para o estudo, a equipa recrutou 18 pacientes que tinham sofrido um ataque cardíaco ou uma paragem cardiorrespiratória durante um breve período (menos de três minutos) antes de receberem ressuscitação cardiopulmonar.

Os pacientes foram submetidos a avaliação neuropsicológica e a exames de imagem ao cérebro entre dois a quatro anos após o episódio.

Além dos problemas de memória identificados, a região do hipocampo do cérebro dos pacientes, que é responsável pela memória, apresentava uma redução de tamanho na ordem dos 10 a 20%. Com efeito, os pacientes que obtiveram os piores resultados nos testes de memória eram os que apresentavam mais alterações na região do hipocampo.

Vess Stamenova, primeira autora do estudo, explicou que o hipocampo é sensível à falta de oxigénio, mas que o efeito observado é maior do que se esperava.

“Infelizmente, os sobreviventes de paragens cardiorrespiratórias poderão voltar para casa sem perceberem bem os seus problemas de memória ou o acesso a programas de reabilitação”, avançou Asaf Gilboa, autor sénior do estudo.

“Dotar esses pacientes com recursos apropriados irá melhorar a sua recuperação e permitir-lhes retomarem as suas atividades do dia-a-dia”, acrescentou.

Os autores recomendam assim que os sobreviventes de paragem cardiorrespiratória sejam submetidos a uma avaliação neuropsicológica de forma a identificar-se os pacientes em risco para que recebam as recomendações de recuperação apropriadas.