Terapêutica de reposição hormonal aumenta risco de Alzheimer
Mulheres na pós-menopausa, que receberam terapia de reposição hormonal (TRH), tiveram um pequeno aumento no risco absoluto de desenvolverem a doença de Alzheimer, indica um estudo realizado na Finlândia.
O uso da terapia hormonal sistémica, que já foi considerada como benéfica na proteção contra o Alzheimer, aumenta afinal, entre 9 e 17% o risco de aparecimento desta doença do foro neurológico. “Embora o risco absoluto de aumento para a doença de Alzheimer seja pequeno, estes dados devem ser implementados nas informações para atuais e futuros utilizadores de terapia hormonal”, aconselha Hanna Savolainen-Peltonen, do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade de Helsínquia.
O risco de desenvolver Alzheimer está sobretudo associado a uma exposição prolongada ao tratamento e não varia consoante a idade da mulher aquando do início da terapêutica.
Os investigadores identificaram 84.739 mulheres na pós-menopausa que receberam um diagnóstico de doença de Alzheimer de um neurologista entre 1999 e 2013. Depois, compararam este grupo com outro, composto pelo mesmo número de mulheres da mesma área e da mesma idade, mas que não desenvolverem Alzheimer. A doença foi diagnostica depois dos 70 anos em 93% dos casos.
Das mulheres com doença de Alzheimer, 69% não usaram a TRH. As restantes utilizaram TRH sistémica – destas, 63% usou terapia com estrogénio/progesterona. No geral, as mulheres que receberam HRT sistémica que continha apenas estradiol tiveram um aumento de 9% no risco de desenvolver doença de Alzheimer. Maior foi o risco da combinação estrogénio/progesterona, onde se registou um aumento de 17%.
Os autores do estudo, publicado no British Medical Journal, afirmam que a TRH está associada a um risco reduzido para a doença de Alzheimer. Contudo, ressalvam que os estudos feitos até agora não incluíram um grupo placebo. O único estudo que o inclui (o WHIMS) concluiu que as mulheres na pós-menopausa que tomavam estrogénio tinham um risco aumentado de demência.
No entanto, WHIMS foi criticado porque as mulheres começaram a tomar TRH aos 65 anos, muito tempo após a menopausa e mais tarde do que o habitual na prática clínica.