Tribunal francês liberta médico acusado de 24 crimes de envenenamento e nove homicídios – Atualidade
“O MP vai obviamente recorrer desta decisão”, disse o procurador da República em Besançon, Etienne Manteaux. Este recurso será examinado “dentro de 15 dias”, informou.
Para as vítimas, “que vivem há dois anos um verdadeiro elevador emocional”, a liberdade “é bastante incompreensível”, disse Frédéric Berna, advogado das vítimas.
Acusado em 2017 por sete primeiros casos de envenenamento – incluindo dois fatais – e deixado em liberdade condicional, Péchier voltou a ser acusado na quinta-feira de “envenenamento de pessoas vulneráveis” por outras 17 pessoas. Sete desses pacientes morreram.
Segundo Manteaux, o anestesista admitiu no final do seu interrogatório que “atos criminosos, envenenamentos, foram cometidos na Clínica Saint-Vincent”, onde trabalhava, mas negou ser ele o autor. “Eu não vi (no arquivo) que qualquer reconhecimento de envenenamento pelo Dr. Péchier”, reagiu Jean-Yves Le Borgne, um dos seus advogados.
Para o procurador, o médico “apareceu como o denominador comum” dos eventos relatados pelo corpo médico entre 2008 e 2016. Os 17 novos casos, identificados entre 66 casos suspeitos, referem-se a pacientes entre os 4 e 80 anos.
Este caso faz lembrar o de um ex-enfermeiro alemão, acusado de cerca de 100 homicídios de pacientes por injeção letal, para o qual foi solicitada prisão perpétua na quinta-feira. Niels Högel é acusado de injetar drogas nos pacientes para causar paragens cardíacas antes de tentar reanimá-los, na maioria das vezes sem sucesso.
Péchier nunca foi apanhado em flagrante, mas está no centro de “um conjunto de elementos concordantes”, garantiu o magistrado. Segundo ele, os eventos suspeitos aconteceram “num contexto de conflito com os seus colegas anestesistas ou cirurgiões” da Clínica Saint-Vincent de Besançon.
O anestesista “costumava ficar nas imediações da sala de cirurgia”, apresentando “diagnósticos precoces” quando “não havia evidência, nesta fase, de suspeita de uma overdose de potássio ou anestésicos locais”, apontou o procurador.
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