Ovário, vulva e vagina: os cancros ginecológicos menos comuns
Embora menos frequentes, entre eles encontra-se o mais letal do grupo dos cancros ginecológicos: o cancro do ovário. Saiba o que pode fazer para preveni-los.
Cancro do ovário, carcinoma da vagina e cancro da vulva – têm em comum o facto de serem os três cancros ginecológicos com menor incidência. Mas enquanto o cancro da vulva e da vagina são curáveis se detetados numa fase inicial, o cancro do ovário é o tumor maligno mais letal na mulher, sendo habitualmente diagnosticado em fases já avançadas. Aprenda a proteger-se.
Cancro do ovário
Apesar da sua baixa incidência, o cancro do ovário é, segundo a Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), um dos cancros mais letais na mulher. 90% dos tumores primitivos do ovário surgem em mulheres pós menopáusicas, sobretudo após os 55 anos.
Um tumor maligno do ovário pode crescer e invadir órgãos adjacentes (como as trompas de Falópio e o útero), libertar células cancerígenas no abdómen, levando à formação de outros tumores nesses órgãos e tecidos circundantes, ou até disseminar-se através do sistema linfático para os gânglios linfáticos na pélvis, abdómen e tórax, explica informação da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC).
Sintomas do cancro do ovário
Em 70% das doentes, o diagnóstico é feito em fases avançadas, já que na fase inicial o cancro do ovário não causa sintomas óbvios. No entanto, à medida que evolui, pode provocar os seguintes sintomas:
- Pressão ou dor no abdómen, pélvis, costas ou pernas.
- Abdómen inchado ou sensação de enfartamento (estar “enfartada”).
- Náuseas, indigestão, gases, prisão de ventre ou diarreia.
- Sensação constante de grande cansaço.
Atenção! Se tiver estes sintomas quase diariamente durante mais de duas a três semanas deve consultar o seu ginecologista.
Numa pequena percentagem de mulheres podem surgir os seguintes sintomas:
- Falta de ar.
- Vontade constante de urinar.
- Hemorragias vaginais invulgares após a menopausa.
Atenção! Se tiver estes sintomas pela primeira vez e com uma frequência quase diária deverá procurar ajuda médica.
Fatores de risco para o cancro do ovário
- A idade é o fator de risco mais importante para o cancro do ovário: quanto mais velha for a mulher, maior será o risco de ter a doença.
- Depois da idade, o fator de risco mais importante é a existência de uma mutação genética de um de dois genes (BRAC1 e BRAC2), ambos associados também ao cancro da mama, e que está presente em 10 a 15% das mulheres diagnosticadas com cancro do ovário.
- A história familiar relaciona-se com o fator anterior. As mulheres cuja mãe, filha(s) ou irmã(s) têm ou tiveram cancro do ovário, apresentam um risco acrescido de desenvolver a doença. Mulheres com antecedentes familiares de cancro da mama, útero, cólon ou reto, podem, de igual modo, apresentar um risco acrescido. O facto de algumas mulheres da mesma família terem tido cancro do ovário ou da mama, sobretudo na juventude, é considerado um antecedente familiar muito forte. Nesse caso, poder-lhe-á ser sugerido que a própria e as outras mulheres da família realizem um teste genético, refere a LPCC.
- Mulheres que já tiveram, elas próprias, cancro da mama, útero, cólon ou reto também apresentam um risco acrescido de vir a desenvolver cancro do ovário.
Outros fatores com menos significado, mas que eventualmente podem ser controlados são:
- O risco parece ser maior quanto mais ciclos menstruais (e ovulações) uma mulher tiver ao longo da vida. Mulheres que começaram a menstruar muito cedo, que têm uma menopausa tardia, que não têm filhos (ou os têm depois dos 30 anos), que não tomaram ou não tomam contracetivos que interrompem a ovulação (como a pílula) e/ou que não amamentam, parecem ter mais risco de desenvolver cancro do ovário.
- Alguns estudos sugerem que as mulheres que fazem terapêutica hormonal apenas com estrogénios durante dez ou mais anos podem apresentar um risco acrescido de desenvolver cancro do ovário. O aumento do risco é mais incerto nas mulheres que tomam estrogénios e progesterona.
- A toma de determinados medicamentos, a utilização de pó de talco e a obesidade têm sido investigados cientificamente, mas a resposta não é clara, pelo que não são considerados fatores de risco relevantes, refere a LPCC.
Como proteger-se do cancro do ovário
É certo que, por um lado, mulheres com fatores de risco para o cancro do ovário podem não desenvolver cancro do ovário e, por outro, que a doença pode-se desenvolver em mulheres que não têm fatores de risco. No entanto, há fatores que parecem poder reduzir o risco:
- Seguir uma alimentação equilibrada e hipocalórica, rica em vegetais e com poucas gorduras saturadas.
- Deixar de fumar e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas.
- Amamentar, tomar contracetivos orais durante mais de cinco anos e ter filhos, também são fatores que reduzem o risco, mas não são recomendados como formas de proteção, salvaguarda o CDC (Centers for Disease Control and Prevention). Estes fatores têm riscos e benefícios associados que devem ser avaliados caso a caso com aconselhamento médico.
Cancro da vulva e carcinoma da vagina
O cancro da vulva e o carcinoma da vagina podem surgir associados ao cancro do colo do útero ou entre si. De acordo com a SPG, estes dois tipos de cancro são raros e curáveis se forem diagnosticados precocemente.
É muito importante não esquecer a importância da vacinação contra os H.P.V.: os H.P.V. de alto risco, sobretudo o 16 e 18, estão associados a cancros do colo do útero, vagina, vulva, ânus, orofaringe e cordas vocais.
Sintomas do cancro da vulva
- Ardor, comichão ou sangramento persistente da vulva.
- Alterações na pele da vulva, incluindo verrugas ou erupções.
- Alterações na cor da pele da vulva.
- Úlceras, feridas ou caroços que persistem.
- Dor na zona pélvica, especialmente durante as relações sexuais ou ao urinar.
Sintomas do carcinoma da vagina
Nas fases iniciais não costumam existir sintomas mas, quando estão presentes, podem incluir:
- Hemorragia ou fluxo vaginal muito volumoso (ou que dura muito tempo) entre duas menstruações ou depois da menopausa.
- Sangue na urina ou nas fezes.
- Obstipação.
- Dor na zona pélvica, especialmente durante as relações sexuais ou ao urinar.
Fatores de risco
- O cancro da vulva surge mais frequentemente em mulheres entre os 65 a 70 anos, embora, de acordo com a SPG, tenha havido um aumento do número de casos de cancro da vulva em mulheres com idade inferior a 40 anos.
- Ardor, inflamação ou comichão na vulva que se tenham tornado crónicos.
- Ter tido cancro do colo do útero ou terem-lhe sido detetadas na citologia células cervicais pré-cancerígenas.
- Ter fatores de risco para o cancro do colo do útero.
Fonte: Banco da Saúde
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